quinta-feira, 25 de junho de 2009

A brasa solitária


Juan ia sempre aos serviços dominicais de sua congregação. Mas começou a achar que o pastor dizia sempre as mesmas coisas, e parou de freqüentar a igreja.
Dois meses depois, em uma fria noite de inverno, o pastor foi visitá-lo. “Deve ter vindo para tentar convencer-me a voltar” pensou Juan consigo mesmo.
Imaginou que não podia dizer a verdadeira razão: os sermões repetitivos. Precisava encontrar uma desculpa, e enquanto pensava, colocou duas cadeiras diante da lareira, e começou a falar sobre o tempo.
O pastor não disse nada. Juan, depois de tentar inultilmente puxar conversa por algum tempo, também calou-se. Os dois ficaram em silêncio, contemplando o fogo por quase meia-hora.
Foi então que o pastor levantou-se, e com a ajuda de um galho que ainda não tinha queimado, afastou uma brasa, colocando-a longe do fogo.
A brasa, como não tinha suficiente calor para continuar queimando, começou a apagar. Juan, mais que depressa, atirou-a de volta ao centro da lareira.
– Boa noite – disse o pastor, levantando-se para sair.
– Boa noite e muito obrigado – respondeu Juan. A brasa longe do fogo, por mais brilhante que seja, terminará extinguindo rapidamente. “O homem longe dos seus semelhantes, por mais inteligente que seja, não conseguirá conservar seu calor e sua chama. Voltarei à igreja no próximo domingo.”

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